Bahia: Fé, Futebol e Vitória Pessoal

Um Amor Inquebrantável: O Bahia como Força na Luta Contra o Câncer

Carlos Tourinho, um apaixonado torcedor do Bahia, radicado em Fortaleza, encarou um dos maiores desafios de sua vida: o câncer. Sua jornada de luta e superação, no entanto, foi marcada por uma força inabalável, alimentada pela paixão pelo seu time do coração. O lema da campanha do clube, ?O que me cura todo dia é o Bahia ?, tornou-se um refrão pessoal, um mantra repetido durante sessões de quimioterapia e radioterapia.

O diagnóstico, um câncer na amigdala, chegou após uma série de exames em 2023. A sequência de tratamentos foi extenuante: 33 sessões de radioterapia, realizadas de segunda a sexta-feira, e três ciclos de quimioterapia, a cada três semanas. As dificuldades foram inúmeras, desde a perda de peso significativa, que interrompeu o tratamento por alguns dias, até infecções e a necessidade de internação. ?Era pra ter terminado o tratamento no 30 de outubro e só fui terminar no dia 13?, relata Tourinho, descrevendo os obstáculos enfrentados.

Mesmo diante de tamanha adversidade, a paixão pelo Bahia se tornou um escudo protetor. A cada dia, Carlos vestia uma camisa diferente do seu time, um lembrete constante de sua força interior e da proximidade da cura. "Juntei 2+2 e pensei: se eu vivo o Bahia tão intensamente assim, ele teria que me acompanhar durante meu tratamento", completa.

A Força do Tricolor: Mais que um Time, um Símbolo de Esperança

A ligação de Tourinho com o Bahia transcende o simples torcer. É uma identificação profunda com a história e os valores do clube. "A minha vida se confunde com o Bahia . Sempre que posso eu uso camisa do time, tentei usar por baixo do paletó no meu casamento, mas minha esposa vetou (risos). E o Bahia , além disso, tem uma história de ações afirmativas muito forte. Sempre o clube é pioneiro em campanhas de cunho social, como o combate à violência contra a mulher, o povo preto, lgbtqiap+, campanhas como Setembro Amarelo e Outubro Rosa. E isso mostra que não é só futebol. Faz muito mais pessoas se sentirem representadas e acolhidas", afirma.

Sua trajetória como torcedor começou na infância, assistindo à Copa do México de 1986 e se encantando com o futebol de Maradona. O amor pelo tricolor baiano, herdado de família, o levou a acompanhar os jogos na Fonte Nova, palco de inesquecíveis momentos. "Lembro do primeiro jogo na Fonte Nova até hoje, foi um jogo pelo Campeonato Brasileiro de 86, pelas quartas de final, Bahia x Guarani, que terminou empatado em 2 a 2. Na campanha do Brasileiro de 88 eu fui a quase todos os jogos, só não fui para semifinal contra o Fluminense (que é o maior recorde de público da Fonte Nova até hoje, com mais de 110 mil pagantes). Infelizmente eu estava viajando com a família, mas voltamos a tempo para o jogo da final contra o Internacional de Taffarel", recorda.

Da Fonte Nova a Fortaleza: Um Amor que Transcende Distâncias

Em 2002, Carlos se mudou para Fortaleza, mas a paixão pelo Bahia o acompanhou. Ele influenciou a esposa a torcer pelo time e transformou sua casa em um verdadeiro santuário tricolor. Mesmo após o término do tratamento, com 36 sessões concluídas e 30 camisas ainda sem uso, a fé e o amor pelo clube permanecem inabaláveis.

"Minha família sempre me ensinou a espalhar o bem e empatia, e ter um clube que faz isso tão bem, principalmente em um mundo atual tão dividido onde tem gente que acredita que espalhar o amor é querer 'lacrar', é exemplo para os demais clubes do país e do mundo", declara.

A história de Carlos Tourinho é uma poderosa mensagem de esperança e superação. A força do amor pelo Bahia , além de ser um grande exemplo de perseverança, transcende o campo, mostrando que a paixão pelo futebol pode ser um bálsamo para a alma, capaz de inspirar a luta contra as maiores adversidades.

Vitória Além do Gramado: O Legado de Força e Inspiração

Com o manto do Bahia no corpo, o escudo no peito e um Esquadrão dentro de si, Carlos Tourinho venceu a batalha mais importante de sua vida. Sua jornada inspiradora serve como um exemplo de perseverança e fé, mostrando que a paixão pelo futebol pode ser um combustível para superar os maiores obstáculos.

A história de Carlos comprova que, às vezes, o que nos cura de fato está em nossas paixões mais profundas, numa força interior que nos impulsiona a seguir em frente, mesmo diante de desafios aparentemente insuperáveis. O Bahia , nesse caso, foi muito mais do que um time de futebol: foi um símbolo de esperança, um farol na escuridão.