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Grupo City: Bahia, Futebol Brasileiro e o Futuro do Jogo

Por Redação FutBahia em 07/11/2024 19:07

Grupo City no Brasil: Bahia e o Caminho para a Glória

Ferran Soriano, o homem por trás dos 13 clubes do City Football Group, dedicou seus últimos dias a cuidar do Bahia, o braço brasileiro do conglomerado. Soriano participou de reuniões em São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador, onde também testemunhou a derrota do Bahia para o São Paulo e os protestos da torcida. Apesar das críticas de parte do público, Soriano permanece confiante no trabalho de Rogério Ceni. Em uma entrevista exclusiva, o CEO do grupo City declarou: "Posso dizer que o nível de sofisticação e de trabalho do Rogério é do mesmo nível do Pep Guardiola".

Em entrevista ao ge, Soriano fez um balanço do trabalho do Grupo City no Bahia , analisando o mercado brasileiro, o novo Mundial de Clubes e outros temas relacionados ao futebol.

O Desafio Brasileiro: Potencial e Obstáculos

Soriano reconhece o potencial do futebol brasileiro, mas aponta para a necessidade de aprimoramento. "Sem dúvida. À parte as opiniões pessoais, quem gosta mais de uma liga ou outra, uma forma de mesurar isso aí é o tamanho do negócio. A Premier League, claro, movimenta 4 bilhões de dólares por ano. Vamos dizer que o tamanho do mercado do TV brasileiro pode ser 400 milhões, é 1 a 10. Mas a comparação não é essa. A comparação é com a França, e já está muito perto. A França deve ser 600, 700 milhões. A Itália é 1 bilhão. Então, está perto. A progressão é clara, e eu acho que, com o nível de profissionalismo que se vê na gestão dos clubes brasileiros... Eu acompanho o futebol brasileiro há muito tempo, e a profissionalidade da gestão melhorou muito, muito mesmo. E é um caminho que eu acho que leva o futebol brasileiro a estar entre as grandes ligas do mundo. Se comparar com a Premier League é difícil, mas não vejo por que não a liga brasileira daqui a uns três, quatro, cinco anos, não ser do mesmo tamanho que a liga italiana, por exemplo."

Para Soriano, o crescimento do futebol brasileiro depende de tempo, investimento e profissionalização da gestão. "Falta tempo. Falta só um pouco de tempo. Lembre-se que talento existe. E o que temos que conseguir é que o talento fique um pouco mais de tempo aqui antes de eventualmente algum deles ir para a Europa. Para isso a gente precisa de mais receita, crescimento econômico dos clubes, o que já está acontecendo. Eu acho que é uma questão de tempo. E também, como eu falei, o gerenciamento dos clubes vai melhorar, e já está melhorando. Eu falo com os meus colegas aqui, presidentes de outros clubes, e tem um nível de conhecimento do negócio, de profissionalismo que é do nível de qualquer outro lugar do mundo."

A Busca pela Dominância: Um Caminho de Longa Duração

A torcida do Bahia sonha com o dia em que o clube será dominante no futebol brasileiro, tal como o City na Inglaterra. Soriano, porém, adverte que a jornada é longa. "Não, não. Avançou o que a gente imaginou ou até mais. O Manchester City foi o melhor clube do mundo, e o número de títulos que a gente ganhou é espetacular. Mas lembre-se: são 15 anos. O ano zero do Manchester City é 2008. E a gente não ganhou um campeonato nem no primeiro ano, nem no segundo, no terceiro e no quarto. O Bahia já era um grande clube, é um grande clube, mas o nosso movimento começa 18 meses atrás. Depois de 18 meses, passar de potencial rebaixamento a estar em sétimo, sexto, oitavo na tabela é um progresso maior do que aconteceu em Manchester. Então, estamos no caminho. Obviamente, não posso dizer se vai demorar três anos, quatro, cinco, seis anos, mas vai chegar. Não tenho dúvida."

Soriano enfatiza a importância do crescimento sustentável e a necessidade de paciência. "É importante também que o crescimento do projeto seja sustentável. Não adianta crescer muito para depois cair. E eu não tenho dúvida que estamos no caminho e vai chegar (o momento dos títulos). Eu entendo, a torcida é quem manda. O clube é deles, a gente só tem a custódia do clube nessa etapa da história. Eles cobram, e está bem. Mas o nosso trabalho precisa de frieza. Precisa planejamento, prudência e fazer as coisas passo a passo. Nesse caminho, estou mais do que satisfeito de sentar aqui com a pressão. Eu fui no jogo ontem e senti a pressão muito, mas é uma pressão positiva. A gente está sentando numa pressão positiva para classificar para Libertadores. Já passou a época da pressão negativa, de sofrer pelo rebaixamento."

Cultura do Futebol Brasileiro: A Necessidade de Paciência

Soriano critica a cultura de troca frequente de treinadores no futebol brasileiro. "Isso é óbvio, né? Você me perguntou antes o que falta, e uma das coisas que falta é paciência. Se não me lembro mal, 14 técnicos foram trocados no Brasileirão deste ano. É impossível. E eu sei, vocês sabem, todo mundo sabe que dar para alguém um trabalho difícil de liderança de um grupo e trocar depois de perder três jogos é uma ideia ruim. E isso acontece mais no Brasil do que deveria, eu acho. Acontece mais na Itália também. O ranking é Brasil, depois a Itália, depois a Espanha e na Inglaterra acontece pouco. No meu tempo no Manchester City a gente teve dois técnicos. E é assim que pode ser feito um projeto a longo prazo. Uma coisa que eu acho que deveria mudar no futebol brasileiro é a paciência com o técnico. O técnico precisa de tempo para trabalhar."

Soriano defende a permanência de Rogério Ceni no comando do Bahia , comparando seu trabalho ao de Pep Guardiola. "No nosso caso, a gente conhece muito bem o trabalho do Rogério Ceni, que eu posso dizer que é excelente. Excelente pelo que a gente vê aqui, mas também em comparação com os outros técnicos do grupo. Nós temos 13 clubes de futebol no mundo. Alguns deles com técnicos extraordinários, como o Pep Guardiola. E eu posso dizer que o nível de sofisticação e de trabalho do Rogério é do mesmo nível do Pep Guardiola. Então, estamos contentes, ele fica, vai ficar agora e vai ficar a próxima temporada com certeza. E, em geral, eu não acho que você vê o resultado de um técnico trabalhando bem depois de um ano e meio, dois anos."

O Futuro do Futebol Brasileiro: Talento, Gestão e Internacionalização

Soriano acredita que o jogador brasileiro continua a ter muito talento, mas destaca a necessidade de profissionalização do futebol. "O jogador brasileiro continua a ter muito talento. Não mudou nada. Eu sei também que as expectativas do torcedor do Brasil e também da Seleção é ganhar a Copa. Mas é muito difícil mesmo. Não é razoável pedir para ninguém ganhar a Copa uma e outra vez. Tem competidores muito fortes. O futebol tem que ser profissionalizado muito bem. Houve um caso da Espanha que chegou a um nível de profissionalização e trabalho espetacular. Depois foi a Alemanha, teve um tempo muito bom. É muito difícil. Então é injusto pedir para a seleção brasileira ganhar sempre. O talento brasileiro existe. É óbvio que tem épocas. E não só no futebol brasileiro, em qualquer futebol. Olha para o futebol espanhol, teve aquela época maravilhosa com o Xavi, Iniesta, Puyol e o Piqué. Mas passou, agora tem outros. E tem que ter a paciência de esperar para os jogadores crescerem."

Soriano observa que a velocidade do jogo europeu exige adaptação dos jogadores brasileiros. "Uma coisa que sim mudou, eu acho, é a exigência do futebol europeu do máximo nível, enquanto a exigência física e a velocidade mental. Tipicamente, no futebol brasileiro você recebia a bola e tinha um segundo, dois, três para pensar. Você pensa dois segundos na Premier League e acabou. Os jogadores da América Latina em geral quando chegam lá têm que se adaptar a essa rapidez, que é uma rapidez mental. Antes da bola chegar você já tem que saber o que vai fazer, onde estão os seus companheiros e o que vai fazer. E é verdade que os jogadores que vêm do Brasil e da América Latina em geral precisam de um período de adaptação. Porque a velocidade do jogo é diferente. Mas, é óbvio, quando eles se adaptam, o resultado é espetacular. Olha o Savinho, um jogador muito jovem, que fez a carreira toda conosco. Ele foi no Girona, agora está no Manchester City, muito jovem mesmo. E alguém pensou que chegando no Manchester City ele teria muitas dificuldades e não jogaria muito. Está jogando muito, tem talento, já passou pela sua terceira temporada no futebol europeu e já se adaptou a esse ritmo um pouco mais alto."

Internacionalização: Prioridades e Oportunidades

Para Soriano, a prioridade dos clubes brasileiros deve ser o mercado interno. "Eu acho distante por uma questão de prioridade. O tamanho do mercado brasileiro, você falou, é tão grande que a prioridade do futebol brasileiro tem que ser o Brasil. Há muito a crescer no Brasil, muito mesmo. Então, não é eficiente agora a gente tentar competir, por exemplo, no mercado dos Estados Unidos. No mercado dos Estados Unidos só há três ligas que têm sucesso. A MLS, que é a liga própria, a Liga Mex, porque tem 40 milhões de mexicanos nos Estados Unidos, e a Premier League. A Liga Italiana não está conseguindo vender os direitos de televisão. A Liga Alemã, pouco. A Liga Francesa, nada. Então, por que os clubes brasileiros iriam competir numa situação tão complicada quando a oportunidade está aqui? A oportunidade está no Brasil, o país do futebol, com tantos torcedores."

Soriano destaca o potencial da marca Bahia e a importância de investir no desenvolvimento local. "No caso do Bahia , claramente, me concentraria no Brasil, me concentraria na Bahia , me concentraria nos baianos que moram fora da Bahia , inclusive fora do Brasil, e no Brasil. Mas não acho que deveria ser uma prioridade para o brasileiro (a internacionalização) e não é uma prioridade para o Bahia . Isso vai acontecer naturalmente. O Bahia tem uma situação única, privilegiada. Bahia é uma das marcas fortes do Brasil. Se você pergunta lá na Europa, nos Estados Unidos, quais são as marcas brasileiras? Bahia é uma. E o clube chama-se Bahia . E a marca Bahia está cheia de conteúdo positivo, de conteúdo cultural, de conteúdo de comunidade... Isso vale muito, mas eu acho que a prioridade é desenvolver aqui. E naturalmente vai crescer pelo mundo. Já cresce, né? O Bahia , por exemplo, nos últimos dois anos foi fazer uma apresentação na Inglaterra, em Manchester. A gente chama de o dia do Bahia , e é espetacular. São os passos que a gente está dando, mas eu acho que devemos nos concentrar no Brasil."

Bahia: Objetivos e Estilo de Jogo

Soriano define os objetivos do Bahia em curto, médio e longo prazo. "A curto prazo era claro: estabilidade. No início da temporada, o que eu pedi para as nossas equipas técnicas no Brasil e na Europa foi construir um elenco com zero risco de rebaixamento. Zero é impossível, mas com muito baixo risco. E esse é o objetivo número um, ter estabilidade. Nesta estabilidade, a gente vai crescer. O primeiro passo é classificar para uma competição regional. E depois vai ser vencer o título. A gente quer ser campeão. Para fazer esse caminho, temos que fazer muitas coisas. Por exemplo, desenvolver muito bem o futebol de base. Muito bem. Na Bahia , no Nordeste e no Brasil. E isso vai requerer investimentos em infraestrutura. Muitas coisas estão sendo feitas, mas não são rápidas. Para investir em infraestrutura precisa de anos. Na base, uma coisa muito simples de dizer, muito difícil de fazer, é que a gente quer jogar bom futebol. A velha história do jogo bonito. No futebol, como na vida, eu acho que há duas estratégias básicas: uma é estratégia de proposta, de propor, de ter a bola, de atacar, de tentar expressar um arte. E outra, mais prática, é defender, ficar atrás, procurar transição rápida, ser um time mais sólido, mas menos atrativo."

Soriano enfatiza a importância do jogo bonito e a busca por um estilo de jogo ofensivo. "A nossa aposta claramente é a primeira, sem discussão. No Bahia e em todos os nossos clubes. Por quê? Acreditamos nisso, é o que faz o futebol atrativo. Se todo mundo joga com 10 atrás... Se vocês acompanham alguns dos jogos do Manchester City nos últimos meses, às vezes é meio complicado, porque joga contra alguém que só está atrás. Se todos jogamos assim, o futebol acaba. Então, a nossa ideia é ganhar jogando bem. Não queremos ganhar sem jogar bom futebol. Na realidade, a minha experiência é assim: primeiro joga bem e depois ganha. A proposta é essa, construir uma equipe que vai ter talento e intensidade. Às vezes a gente confunde a questão da garra. Escutei muitas vezes falar garra, garra. Garra é o quê? Se é intensidade, sim. Se é contra-talento, não. O nosso objetivo não é ter uma equipe que tenha garra, competitividade, sem talento. É uma equipe com talento e intensidade."

O Legado de Guardiola: Compartilhando Conhecimento e Metodologias

Soriano revela que o conhecimento e as metodologias de Pep Guardiola já estão sendo compartilhados com os outros clubes do grupo. "Poderia ser. Agora ele está concentrado no Manchester City, eu acho que vai estar concentrado no Manchester City. Mas esse trabalho já existe. Eu acho que qualquer um de vocês ficaria impressionado de ver como o Bahia já está integrado nos sistemas do grupo. Para eu dar um exemplo do que acontece: um treinador do Bahia está querendo treinar a defesa adiantada no caso da pressão direta ao defensor central. Ele vai num sistema, procura como é que se treina isso, tem uma análise técnica e tem um vídeo. Tem um vídeo que mostra como foi treinado no Manchester City ou em qualquer outro lugar. Todos os nossos campos de treinamento têm câmaras e têm drones. Então, isso existe já. E eu sentei com o Rogério , em Manchester, com um departamento que é muito grande, que faz esse análise, que dá a metodologia para ele... Não está na cabeça de um treinador. Está no sistema do grupo. Depois, cada treinador aplica do seu jeito."

Bora Bahêa Meu Bairro: Transformando Vidas e Desenvolvendo Talentos

Soriano destaca o projeto social "Bora Bahêa Meu Bairro" como uma prioridade para o clube. "É um desafio grande. No início, quando o pessoal me falava de problemas de nutrição, eu estava pensando em um menino que bebe Coca-Cola e come pizza, que é um problema de nutrição. Só depois descobri que era um outro tipo de problema. É um menino que não tem o que comer. E isso é inaceitável em geral, no Brasil, no século XXI, em qualquer lugar do mundo, né? Inaceitável. e, obviamente, inaceitável com os meninos que jogam futebol. Então, para nós, é uma prioridade absoluta. A gente não pode falar de treinar os meninos que não comem bem. E o programa Bora Bahêa Meu Bairro é parte disso. É um programa espetacular."

Soriano destaca o impacto social do projeto e a importância de garantir as necessidades básicas dos jovens talentos. "Eu, na primeira vez que eu fui para Salvador, encontrei o prefeito, e a primeira coisa que ele disse foi: a gente tem campos, mas não temos a capacidade de gerenciar. E a gente disse, ok, a gente pega. Pegamos já vários, nove, vamos pegar muitos mais. Criamos uma comunidade naqueles campos, porque a comunidade ajuda muito. Ajuda os meninos a jogar futebol, mas ajuda os meninos a irem para um lugar, estar juntos, comer bem, ter educação e fazer coisas positivas. Para nós é um projeto fundamental para o Bahia , pelo impacto social que tem, mas também porque tem talento lá, tem talento de futebol, muito, mas tem que estar bem educado e tem que comer bem. São os básicos dos básicos."

O Novo Mundial de Clubes: Oportunidade e Desafios

Soriano vê o novo Mundial de Clubes como uma oportunidade para os clubes brasileiros. "Vejo sim (viabilidade). É óbvio, é um pouco um desafiante, porque foi tudo feito em cima da hora. Eu estou em um comitê que tenta ajudar para isso, não é fácil comercializar um campeonato novo com pouco tempo. Mas as notícias das últimas semanas são positivas, de novos patrocinadores. Eu acho que vai dar certo. Eu acho que vai ser muito positivo para os clubes brasileiros. Primeiro, é espetacular que o Brasil terá quatro clubes no Mundial. A Inglaterra vai ter dois. E você está certo quando diz que a percepção do antigo Mundial dos Clubes é diferente na Europa do que no Brasil. Mas o novo não. O novo, os nossos jogadores, o nosso clube, o nosso treinador vai estar focado nele. Vai ser muito mais intenso. Não vai ter problema de jogadores estarem ou não estarem lá. Vai estar todo mundo. Vai ser muito mais intenso e vai dar oportunidade para os clubes brasileiros de lutar, de jogar contra outros times do mundo com um nível de intensidade maior. Sou otimista. E esse campeonato também é o primeiro ano. Talvez o primeiro ano não é tão sucedido, mas vai ter um outro, e outro, e outro. É o início de um caminho para uma competição que vai ser importante para todo mundo."

Gramados Sintéticos vs. Naturais: Uma Questão de Aprendizado

Soriano defende o uso de gramados sintéticos para o desenvolvimento de jovens jogadores. "É uma questão técnica que eu aprendi no Barcelona e que foi uma coisa discutida quando a gente foi para a Inglaterra: a ideia técnica básica é que o menino tem que aprender quando muito jovem, com cinco ou seis anos, numa superfície perfeita. Se adquire melhor as habilidades básicas se a superfície é ótima. E no Barcelona já mudamos muitos campos de natural para artificial para ele ser perfeito. Não é uma questão econômica, é uma questão de onde o menino se desenvolve melhor. Chegando na Inglaterra, eu me encontrei confrontado com uma ideia totalmente diferente disso, que dizia: o menino vai jogar num campo ruim, em que chove e tal, então tem que treinar num campo ruim pra se acostumar. Não é assim. A ciência diz outra coisa."

Soriano reconhece a polêmica em relação aos gramados sintéticos no nível profissional, mas acredita que a tecnologia irá superar as diferenças. "No Bahia , no nosso CT, estamos investindo em campos artificiais porque é a melhor maneira de aprender. Depois, no máximo nível, é um pouco polêmico se artificial ou não artificial. E eu não tenho uma opinião concreta, porque depende de cada país. Nos Estados Unidos, é normal jogar na grama artificial. Aqui no Brasil tem tudo. Na verdade, eu achava, 10 anos atrás, que essa polêmica ia acabar, porque a tecnologia ia oferecer um gramado artificial que fosse igual ao natural. Não aconteceu ainda."

Inteligência Artificial: Ferramenta para Potencializar o Futebol

Soriano vê a inteligência artificial como uma ferramenta para auxiliar a tomada de decisões no futebol. "Na nossa casa se usa todos os dias. Mas às vezes a polêmica da inteligência artificial é um pouco forçada. A inteligência artificial é uma ferramenta para as pessoas usarem. Anos atrás se dizia que os meninos não podiam usar calculadoras porque tinha que treinar a cabeça deles. Ok, mas é bem mais rápido se a gente tem uma calculadora. É como andar em bicicleta em vez de caminhar. Nós usamos inteligência artificial em muitos lugares. Na parte técnica de futebol, fazemos simulações do jogo. Antes do jogo, jogamos o jogo um milhão de vezes com diferentes jogadores para ver o que acontece em um caso ou outro e aprender."

Soriano destaca que a inteligência artificial é uma ferramenta auxiliar, mas a decisão final ainda cabe ao ser humano. "Utilizamos a inteligência artificial para fazer uma previsão do valor futuro do jogador, que é muito complicado. Você tem um jogador de 18 anos e tem a evolução dele e usamos toda a estatística para tentar saber qual é o limite do crescimento do jogador. Só que, no final, tem sempre uma pessoa. E lá entram outras coisas, entra a personalidade do garoto... A inteligência artificial ajuda porque coloca a decisão num lugar menos amplo. A inteligência ajuda a não fazer erros monumentais. Mas depois disso são pessoas. E (a inteligência artificial) vai ser utilizada mais e mais, no futebol, na vida de todos nós. Eu não tenho medo de substituição da inteligência humana. É uma ajuda para a inteligência humana."

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